terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cultura popular - Literatura de cordel


Cordel são folhetos contendo poemas populares, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome.

Os poemas de cordel são escritos em forma de rima e alguns são ilustrados. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

No Brasil, a literatura de cordel é encontrada no Nordeste, principalmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se encontra em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, e são vendidos em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.

Cordel também é a divulgação da arte, das tradições populares e dos autores locais e é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro.



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Características do texto tradicional em cordel


A PEQUENA EXTENSÃO da obra, com poucas páginas, poucos personagens e poucos conflitos (mais próxima do conto);

UMA VARIANTE LINGÜÍSTICA MARCADA PELO REGIONALISMO E POR UMA LINGUAGEM NÃO-CULTA.

A ORALIDADE: Trata-se de um a literatura feita para o ouvido e não para os olhos. Citação: “O poeta Manoel de Almeida Filho, entrevistado por Mauro Almeida, explica que: […] a grande maioria dos nossos fregueses lê o livro cantando. Como a gente lê, eles aprendem as músicas dos violeiros, e eles cantam aquilo. […] E, em casa reúnem uma família, três, quatro, e cantam aquilo, como violeiro mesmo […] O folheto tem esta doçura do verso. E o povo nordestino se acostumou a ler o verso. Então o livro em prosa mesmo, ele não gosta e nem gosta do jornal, a notícia do jornal. […] Ele não entende. […] Porque está acostumado a ler rimado, a ler versado. […] Aquela notícia não é boa para ele, o folheto sim, porque o folheto ele lê cantando. (Almeida, 1979, f. 202) “.

A RIMA A SERVIÇO DA MEMÓRIA.

A SEXTILHA: 80% dos cordéis (Joseph Luyten, O que é literatura de cordel, coleção Primeiros Passos)

O Nordeste como palco por excelência das narrativas

VISÃO DE MUNDO POPULAR. Citação: “A superioridade dos folhetos deve-se também ao fato de eles apresentarem as notícias interpretadas segundo os valores compartilhados pelo público“.

Economia (na linguagem e na exposição de elementos): O folheto é sucinto e direto, rejeitando os circunlóquios, as perífrases; foco apenas no principal, no necessário: 'Se a espingarda não vai atirar no conto, convém tirá-la da sala' (Tchekov).

Os cordelistas preferem a ordem sintática mais comum: artigo + substantivo + verbos + objetos verbais + adjuntos adverbiais

A simplificação do enredo (enredos não complicados)

Predomínio da linearidade temporal (não é comum os flashbacks ou a montagem paralela)

Literatura exemplar: como a fábula, o cordel passa mensagens; O final feliz (punição do mal; recompensa do bom); a ausência do narrador neutro, que apenas conta a história, deixando para o leitor o julgamento. Comentário: Ao narrador cabe também interpretar as atitudes dos personagens e o sentido geral da narrativa, sobretudo no início e no final do texto, quando se dirige ao leitor para tecer considerações de ordem ética ou moral.

Maniqueísmo: o mundo dividido em bem e mal

A opção preferencial pelos pobres, pelos oprimidos: implicações: a) o vilão é o patrão, o rico, o coronel, etc; b) o herói é o amarelinho astuto (João Grilo, Canção de Fogo, Pedro Malasartes, etc.), uma espécie de vingador do povo.

Conservadorismo: ideologia católica, resíduos da sociedade patriarcal (ginofobia ou infantilização da mulher, racismo, etc.);

Religiosidade popular: superstições com liturgia, canonização sem o aval de Roma (Padre Cícero, Antônio conselheiro, o cangaceiro Jarararaca), etc.

Fonte: http://gelpufc.blogspot.com.br/2011/09/caracteristicas-do-texto-tradicional-em.html


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